domingo, 30 de março de 2008

'tou deprimida

Sabem já, porque o relatei na altura, que quando cá chegámos em Dezembro a casa não tinha sido limpa.
A senhora que o devia ter feito, quando se apercebeu que eu ía tomar conta do assunto sem contratar empregada (ela), ofereceu-se para ajudar.
Para não me atrapalhar o plano de emergência falei-lhe nas janelas, não sei como fazem para as limpar, pois com as grades fica difícil. "Chiiiiii . . . isso . . . tem que pedir escada, subir escada, regar com mangueira . . . "
"Deixe estar. Olhe, o tapete da sala é que está muito sujo e eu não tenho espaço para o lavar. Pode lava-lo você?" . . . Levou o tapete para limpar e desamparou-me a loja.
Passados dois meses, porque não queria ser implacável para com o ritmo alentejano (ao quadrado) que aqui as coisas levam a fazer (pelo menos quando são para mim), um dia, ao vê-la a limpar o tapete cá fora e pensando que finalmente a senhora, no meio da canseira do dia-a-dia, tinha arranjado um tempinho para o nosso tapete . . . comentei "Ehhh! já quase não me lembrava dele, mas está a fazer alguma falta, para a miúda brincar no chão" . . . Nada!
Passaram mais dois meses, o frio começa a apertar e depois de já ter falado algumas vezes sobre o assunto (com a resposta "Hei-de levar"), interrogo-me . . . onde o terão posto a secar para levar tanto tempo.

Com a fúria com que estou em relação a tudo o que se tem passado ultimamente: esperas de três horas para almoçar; pagamentos para tudo, inclusivamente taxas de embarque em voos internos; revistas às mochilas (a grande suspeita sobre uma caninha que eu trazia para fazer desenhos na areia, que até chamou o segurança para conferir se era uma caninha mesmo, a senhora que apesar de viver na zona das palhinhas e palhotas não sabe reconhecer uma); revistas dos sacos de compras à saída dos supermercados . . . isto referindo apenas algumas coisas que me afectam directamente, já não falo de tudo o resto que vejo à minha volta, que afecta este povo e que me enfurece também.

Bom! Dizia eu . . . neste estado de espírito e resmungando com os meus botões . . ."Bolas! parece que quanto mais cordiais somos com os outros, mais com os pés somos tratados." . . ."Eu devia era começar a agir como os técnicos superiores da função pública".
Se bem pensei, melhor o fiz. Abri a porta e por um acaso, a senhora encontrava-se ao fundo das escadas.
"Por favor, queria o tapete que levou para lavar."
"Ah! sim . . . "
"Hoje!"
"Mas não pode ser, está na casa do vizinho do rés-do-chão . . ."
"Não me interessa. Peça a chave, peça-lhe a ele . . . teve quatro meses para lavar o tapete . . . ainda por cima foi dá-lo ao vizinho?!? Quero o tapete. Hoje!"
Vim para dentro mais nervosa do que à saída de uma reunião com chefias. À tarde, o tapete estava à minha porta. Mais nojento do que nunca, mas o tom usado resultou.

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